Renault Symbol – Comparativo Symbol Expression 1.6 8V vs. Fiat Siena ELX 1.4 – Fonte: Quatro Rodas
Renault Symbol Expression 1.6 8V Hi-Torque vs. Fiat Siena ELX 1.4 Flex
Posicionado um degrau acima do espartano Logan e bem abaixo do sedã médio Mégane, o Symbol quer agradar a quem precisa de espaço para a família, mas não abre mão de um design mais apurado, uma lista de equipamentos recheada e o cobiçado status que começa a surgir acima dos três-volumes de entrada como Chevrolet Classic ou o próprio Logan.
Com a dura missão de arrancar vendas do líder Siena, que teve 10 582 unidades emplacadas em junho contra 728 do Symbol, o Renault aposta principalmente nos equipamentos para assegurar sua fatia do bolo. Reunimos as versões intermediárias de ambos – Symbol Expression 1.6 8V Hi-Torque e Siena ELX 1.4 Flex – para ver qual deles oferece mais (e o melhor) por menos.
Siena é mais barato, Symbol vem mais equipado
O sedã da Fiat feito em Betim (MG) parte de R$ 36 390 e traz itens como computador de bordo, direção hidráulica, volante com regulagem de altura, abertura interna do porta-malas e tanque de combustível. A exceção do último item, o Symbol vem com o mesmo e mais airbag duplo, ar-condicionado, travas e vidros elétricos e banco com regulagem de altura por R$ 39 990. O Renault exigirá um investimento inicial maior, mas entregará muito mais por R$ 3 600 extras.
Se você quiser um Siena com os mesmos equipamentos, terá de acrescentar ao ELX 1.4 os pacotes HSD (High Safety Drive, que traz bolsas infláveis e freios ABS antitravamento por R$ 2 955), Attractive 4 (ar, travas e vidros elétricos por R$ 3 751) e Emotion (R$ 791 por acabamento interno em veludo e regulagem de altura do banco do motorista, entre outros), o que elevará o valor do Siena para R$ 43 887. Para não ficar atrás, o Symbol terá de ser equipado com pacote ABS, que acresce R$ 1 500 a seu preço, totalizando R$ 41 490. Mesmo assim, ele ficará R$ 2 397 mais em conta que o Siena, valor suficiente para arcar com um ano de seguro.
Por falar na apólice, o Renault também levou ligeira vantagem em nossa cotação, com média de R$ 200 a menos: R$ 2 000 contra R$ 2 200 para um homem de 40 anos casado que mora na zona sul de São Paulo (lembrando que estamos falando de seguros sem bônus).
Na hora de encostar na concessionária para a manutenção, porém, o Siena dá o troco. Seu pacote de peças (composto por para-lama, retrovisor, pastilhas e amortecedores dianteiros e kit de embreagem) foi cotado a R$ 1 168,27 contra R$ 1 911,76 do Symbol. A desvalorização é outro item que pesa a favor do Fiat: enquanto ele perde R$ 2 672 no primeiro ano, ou 7% de seu total, o Renault deprecia R$ 4 665 (11,4%).
Dessa forma, a economia na hora de assinar os cheques da compra e do seguro de um Symbol, respectivamente R$ 200 e R$ 2 397 mais baratos, acaba se perdendo no momento de fazer a manutenção (R$ 743,49 mais cara) e passar o carro para frente (momento no qual, em tese, ele terá perdido R$ 1 993 a mais).
Familiares de cara e de coração
É preciso ser claro com o caro amigo leitor: dirigir um Siena ou um Symbol não traz emoção alguma. Nenhum deles tem a suspensão esportiva de um Ford Focus ou a direção direta de um Honda Civic. Diversão parece ter sido a prioridade número 73 das marcas na hora de conceber os sedãs.
Moles demais, os modelos não passam segurança em curvas mais fechadas. Em contrapartida, ambos absorvem muito bem os buracos e transmitem poucas vibrações ao volante. O Siena se destaca pelo câmbio macio, que deixa a desejar no Symbol. O Renault traz uma alavanca dura e uma 5ª marcha que exige uma boa ginástica na hora do engate. “Tem que procurar a 5ª no Google”, exagerou um dos jornalistas que experimentou o carro enquanto ele esteve na redação do Carro Online.
Quando comparamos os motores, o Symbol abre a primeira boa vantagem do comparativo. Com seu bem calibrado 1.6 8V, o Renault oferece 95 cv de potência a 5 250 rpm e 14,1 kgfm de torque a 2 850 rpm, números que se traduziram numa aceleração de 0 a 100 km/h feita em bons 12s0 na pista de testes. O Siena, com um eficiente (mas não milagroso) 1.4 também de 8 válvulas capaz de desenvolver 86 cv a 5 750 rpm e 12,5 kgfm a 3 500 rpm, cumpriu a prova em 14s2.
Mas novamente as coisas se equivalem quando o assunto é consumo. Com álcool no tanque, o Symbol marcou 6,1 km/l na cidade e 8,7 km/l na cidade, registrando uma média de 7,3 km/l. O Siena, como era de se esperar, bebe menos: 8,1 km/l em trajeto urbano e 11,7 km/l na estrada, ou 9,9 km/l no combinado.
Espaçosos e apertados ao mesmo tempo
Siena e Symbol são modelos com espaço para dar e vender, certo? Depende. Os porta-malas, como manda a etiqueta dos sedãs compactos, têm excelentes capacidades: 500 litros no Fiat e 506 litros no Renault. Levar três ocupantes no banco traseiro, porém, vai deixar o pessoal bem desconfortável, afinal, não podemos esquecer que a largura deles é semelhante à dos hatches de entrada dos quais derivam.
Nas medições, o Siena levou vantagem, com 6,2 m na soma dos espaços para pés, cabeça, braços, ombros etc. O Renault marcou 5,9 m. O grande pecado do modelo fabricado na Argentina é o espaço para a cabeça nos assentos traseiros. Assim como no antigo Clio, quem entra tem de abaixar bastante para não desmanchar o topete. Em compensação, o Symbol revida com um acabamento um pouco superior e três anos de garantia contra apenas um do Siena.
Mais econômico e barato, Siena vence por pouco
Em números, talvez o Renault Symbol 1.6 8V Hi-Torque seja mais carro diante do Fiat Siena ELX 1.4 Flex, já que o substituto do Clio é mais barato e potente e tem mais tempo de garantia. Em contrapartida, desvaloriza mais, tem seguro e peças mais caros e também consome além da conta quando comparado ao rival. Nos custos, praticamente um empate (perde-se na hora de comprar, ganha-se na hora de vender e manter e vice-versa). Na razão potência/consumo, também.
Mas o Siena oferece mais espaço na cabine, promete uma vida menos dispendiosa a seu comprador e maior conforto, sobretudo quando falamos no câmbio e na suspensão voltada a um uso bem suave. O Symbol, apesar de ter mostrado no confronto que pode se sobressair em diversos itens, ainda não conseguiu se livrar do estigma de Clio. E pensar que a moça do estacionamento já percebeu isso logo na primeira olhada.